Snow snow snow
A casa nova eh bem agradavel, mas o que me deixa de boca aberta eh a neve... em Edgewater, que eh tao perto daqui, tambem nevava igual, mas acho que a paisagem ao redor nao ficava tao linda e tao, tao branquinha... Algumas pessoas no Brasil me dizem que acham triste essa paisagem. Acreditem, nao eh: eh uma paisagem que traz muita paz. O silencio da neve caindo eh magico. Mesmo que depois tudo fique um caos, complique para andar na rua, etc... vale curtir o momento!!
Starting from zero...
Com a casa alugada e colchoes, precisavamos apenas... do resto. De tudo. De tanta coisa que nem sabiamos por onde comecar. Nao dava pra sair comprando por questoes financeiras, de tempo e disposicao. Eu ja tinha feito uma listinha de " basicos" que no final nao segui muito, porque quando voce ve os valores, o que estah disponivel, prazos de entrega, etc, vc comeca a priorizar de forma diferente. Decidimos que iriamos comprar as coisas conforme a necessidade fosse aparecendo.
Ao mesmo tempo, nao queria sair comprando qualquer coisa - so as mais baratas, por exemplo, ou algo provisorio - e nao por frescura. Algumas coisas muito baratas tem uma duracao muito curta (tive experiencia disso qdo cheguei aqui, comprei uns temporarios que duraram muito, MUITO menos do que eu esperava) e pensar no " ah, depois se estragar compramos outro" nao nos agradava. Pelo desperdicio de dinheiro e de material. Uma coisa usada por pouco tempo e depois "jogada fora" eh dinheiro gasto de qualquer forma, seja ele pouco ou muito. Sem contar o lixo que gera. E sentiamos que precisavamos respeitar esse dinheiro. Honrar a ajuda recebida de tantas pessoas, amigos e desconhecidos. Respeitar nao significava " gastar" e sair adquirindo luxos - nao tinhamos ganho na loteria, tinhamos na verdade perdido todos os nossos bens materiais - mas adquirir bens que nos servissem por mais tempo, com alguma qualidade. E que nos deixassem felizes, que gostassemos.
Mas... enquanto as pessoas nos diziam ' ah, que gostoso eh fazer shopping, eh como se voces tivessem casado de novo"... fazer shopping nessa situacao acabava sendo bastante cansativo. Ter que priorizar, decidir sob pressao com o receio de fazer escolhas erradas... eu ja sou do tipo que pesquisa muito antes de comprar algo onde a qualidade eh algo essencial - panelas e eletrodomesticos, por exemplo... imaginem ter que fazer isso por obrigacao. Not really fun.
Amigas ajudaram com dicas e sugestoes. Minha amiga Debora fotografou todos os itens de cozinha da casa dela =) e me mandou para eu fazer uma lista ' visual". Tivemos que fazer escolhas - trocar o faqueiro que eu amei por outro em funcao do valor, nao comprar as panelas favoritas em prol de outras que pareciam mais convenientes para o momento. Abrir mao de ter a batedeira igual a que eu amava, perdida no incendio. Mas ainda assim, nao tinha o menor direito de reclamar de nada. Estavamos bem, tinhamos carinho e amigos.
Num desses dias de shopping, cansados, chegamos em casa e havia uma caixa grande enderecada a nos na porta. Sem remetente. Abri, surpresa, e vi que era um jogo de panelas lindo. Nao conseguia identificar de quem tinhamos recebido esse presente. Achei um nome masculino que nao reconheci, com endereco. Nao sei como, cheguei a conclusao que poderia ser de uma conhecida minha, nao tao chegada. Confirmado: as panelas vieram da Carol Guedes (o nome na caixa era do marido dela). Eu estava speechless. Como assim, receber presentes?? Mais do que ja estavamos recebendo pelos fundraisers? Nao sabiamos se riamos ou choravamos de emocao.
Entre tantas mensagens que eu recebia via email, whatsapp, facebook e sms, algumas pediam meu novo endereco. Uma dessas pessoas, quando pediu, eu tinha a CERTEZA de que seria para que ela me enviasse um cartao de boa sorte. Estava achando o maximo da delicadeza.
Eu nao a conheco pessoalmente, apenas via Facebook. Ela chama-se Olimpia Campos, brasileira, mora no Tenessee. Ha alguns anos quase nos conhecemos pessoalmente durante o Inspired em North Carolina, onde estive com a Sandra, mas ela teve um contratempo e nao pode ir.
Para minha surpresa, a Olimpia me mandou uma caixa enorme... ENORME... lotada de itens de scrapbook. Papeis, adesivos, tesouras, jogo de lapis aquarelaveis, canetinhas, aquarela, embelishments, albuns, flores, botoes, carimbos, carimbeiras, fitas tecidinhos, latinhas, necessaires, papeis artisticos... e um lindo cartao.
Como assim? Como alguem que eu quase nao conheco manda tantos, tantos materiais novissimos? O que explica esse desprendimento, essa gentileza, esse carinho?
Se isso nao eh amor, eu nao sei o que eh <3.
All we need is love
Eu ja comecava a sentir o cansaco e o baque. Minha vontade era tomar um banho quente, colocar um pijama bem macio, deitar encolhida na cama e dormir, acordando quando tudo estivesse resolvido. Mas nao havia tempo para descanso. Nossa prioridade era buscar um lugar novo para morar. Eu e meu marido iamos pra Edgewater atras de apartamentos, mas totalmente sem nocao de que, alem de nos, mais 239 familias no minimo estavam fazendo o mesmo. Resultado: as ofertas na cidade estavam sumindo. E obviamente nao havia plantoes a nossa disposicao: para poder ver os apartamentos, tinhamos que estar acompanhados de um corretor, e para isso, deveriamos tentar agendamento previo. Tudo isso em meio a um frio literalmente congelante, com direito a carro preso na neve.
Os meninos comecaram a pedir para mudarmos para Leonia, uma cidade " conveniada" com Edgewater em relacao as escolas (ja que Edgewater nao possui Middle e High School proprias) e onde eles estudavam - mudar para qualquer outra cidade implicaria em mudar o Gabriel de escola, o que nao queriamos cogitar. Mas eu queria ficar em Edgewater pelo comercio (Trader Joe's, Whole Foods, Target, Mitswua, Anthropologie, mais de 16 salas de cinema...), facilidade de ir pra NY, e pq eu ainda estava convencida que moraria de novo num predio igual ao Avalon. Nao que la fosse perfeito, nao que la fosse ideal. Mas la era o que eu conhecia de " vida nos EUA". Eu me sentia segura. Os funcionarios nos conheciam pelo nome, era perto de tudo a pe, no verao tinhamos piscina, o correio (para eu despachar as encomendas da minha loja) era na frente... - enfim, eu gostava de Edgewater, e gostava muito do Avalon.
O carinho continuava em nossa direcao, atraves de palavras, abracos, lagrimas, e gestos de cuidado.
Presentes da Cris Vieira e da Paula Moreira
Da Analu...
E esse carinho virtual delicioso da Italia...
Com tudo agendado para vermos os imoveis na segunda, o anuncio de um snow blizzard adiou tudo. Como assim?? Justo agora ia nevar tanto?? Quanto tempo depois de acabar esse blizzard teriamos condicoes de sair para ver imoveis? Estavamos super bem alojados na casa dos nossos amigos, se eu estivesse num hotel 5 estrelas nao estaria mais confortavel ou melhor acolhida - carinho, amizade, amor que nao tem preco, sem contar os papos deliciosos e poder curtir o bebe deles... Mas obviamente nao queriamos ser uma preocupacao adicional e precisavamos seguir nossa vida.
Deus ouviu nossas preces, porque o blizzard nao aconteceu. E uma das corretoras com quem estavamos falando ligou para saber se queriamos sair e ver algums imoveis. E nesse dia mesmo, dez dias depois do incendio, achamos a casa onde iriamos morar. Uma casa, nao mais um apartamento em um condominio. Nao mais em Edgewater. Com essa vista da janela da cozinha:
Passamos os dias seguintes limpando a casa, que por ser novinha, estava com muita poeira da pintura e do pos-obra nas paredes. Recebi visita da Sandra e da Luciana com presentes para a casa nova <3 Um jogo lindo de cha (com um cha super perfumado) e doces deliiiicia da Dulce de Leche, uma padaria argentina otima.
Aproveitamos os descontos que uma loja de colchoes ofereceu para os moradores do Avalon e saimos para compra-los - pelo menos com eles em casa, poderiamos mudar.
No domingo, quando receberiamos os colchoes (sim, entregas aqui acontecem tambem aos domingos!) os meninos agendaram o habitual jogo de RPG no endereco novo. Um amigo deles trouxe dois bancos para que eles pudessem ter onde sentar. A mae desse amigo, minha querida amiga, e que tinha acabado de voltar do Japao onde morou por dois anos veio me visitar, e depois de conversarmos bastante, perguntou se eu queria uma TV. Disse que nao precisava - de novo, dificil aceitar doacoes!! - mas ela contou que varios expatriados japoneses, ao retornarem para o Japao, deixavam tudo na casa dela, e com isso - e ela deu uma gargalhada - ela tinha 3 TVs sobrando em casa. Se era assim, entao, ok, aceitei. A TV chegou naquela noite mesmo, novinha, mesmo tamanho e modelo da TV que tinhamos perdido no incendio.
A casa tinha colchoes, dois bancos e uma TV =). Felizes de termos de novo um ponto de referencia, um endereco, um lar, mesmo que acampados. Felizes por termos tantos amigos carinhosos, no mundo todo. Felizes por termos sido acolhidos com tanto, tanto amor e atencao. Sair da casa da Paula e do Percy nao foi tao facil, afinal, estavamos entre queridos amigos. Nao temos nem palavras para agradecer. <3
Um dia antes eu tinha visto esse post no Instagram e tirei um print da tela. Nossa verdade:
The day after
A madrugada do dia 22 de janeiro foi sem sono, ouvindo sirenes e passeando pelo meu apartamento. Obviamente, so em pensamento. Mas nao um pensamento provocado. As imagens apareciam na minha cabeca mesmo que eu estivesse pensando em outra coisa.
Incrivel como eu via tudo nitidamente. Sabia onde estava cada objeto. Entrava nas gavetas, subia na estante de livros, olhava por tras dos sofas. Me sentia um fantasminha entrando no apartamento real.
Recebemos durante a madrugada a informacao que o predio todo havia sido destruido e estava inacessivel, e que o centro de recreacao de Edgewater estaria funcionando como um hub para informacoes aos moradores. Fomos eu e meu marido ate la no dia seguinte cedo para entender os proximos passos.
Antes, passamos na frente do predio. Ainda havia bombeiros jogando agua. Meu marido nao quis parar mas eu espichei meus olhos ate onde consegui, e deu pra notar que meu apartamento tinha, sim, sido atingido. Eu tinha uma leve esperancinha... mas ja era. Nao sei muito o que eu senti na hora. Hoje sei q estava em choque. Onde aparece o jato de agua, deveria ser meu apartamento.
Nesse video abaixo, da CBS, tambem vejo que do meu apartamento, nada restou. Das janelas a esquerda que sobraram quase intactas, brancas, o meu seria o segundo andar a direita delas. A janela caida eh a do quarto dos meus filhos.
Incrivel a organizacao no centro de recreacao: logo na entrada queriam saber se voce era residente do condominio ou voluntario. Os moradores eram dirigidos a uma sala, onde funcionarios do condominio marcavam seu nome, apartamento, quantas pessoas moravam la e se estavam todos bem. Em seguida, davam algumas orientacoes e seguiamos para o ginasio, onde todas as seguradoras estavam com mesas montadas, processando as " claims".
Enquanto eu estava na fila, resolvi checar o Facebook. E a primeira mensagem que vi foi da minha amiga Cris Vieira dizendo " O condomínio onde meus amigos moram foi destruído. Hora dos amigos entrarem em cena". Junto a essa mensagem, o link para um fundraiser criado por varias amigas em nome da minha familia.
Na hora que vi eu so abri a boca em choque. Em seguida, cai no choro, no meio do ginasio. Nao sabia o que pensar, nao sabia o que sentir - se me sentia envergonhada, pq de certa forma acabamos com nossas fragilidades e necessidades expostas. Nao sabia se achava incrivel, pq ate entao nao havia me dado conta que nao tinhamos mais nada alem do carro e da roupa do corpo e que precisariamos de mais recursos do que provavelmente tinhamos para recomecar. So sabia estar muito, muito, MUITO emocionada. Foi uma reacao sem esforco, o choro saia convulsivo. Que se repetiu qdo vi outro desses aberto no Brasil pela minha querida Selma.
Ainda em choque, continuava a receber muitas mensagens via SMS, whatsapp, Messenger, telefonemas, emails. Nao conseguia dar conta - sem falar nas mensagens deixadas em aberto na timeline do Facebook. Meio que sem pensar tambem, comecei a mandar mensagens gerais pelo Facebook, na tentativa de responder a todos e deixar as pessoas ao par do que estavamos passando, ja que todos queriam saber e entender.
E a cada vez que eu checava o Facebook, via repeticao da chamada para o fundraiser feito pelos nossos amigos. Uma atras da outra, acompanhadas de mensagens cheias de muito amor e carinho. Essas sao apenas algumas delas:
Naquela tarde tinhamos uns compromissos medicos agendados onde deveriamos apresentar passaportes e fornecer nosso endereco. E pra explicar a falta de documentos sem parecer dramatica? "Bom, estamos sem os documentos porque... voce ouviu falar do incendio de ontem em NJ? Pois eh, moravamos la. Ah, e nosso endereco temporario eh...". Eu falava isso como se fosse a coisa mais natural do mundo. Acho que ainda em choque, sem querer acreditar, de certa forma me desculpando por atrapalhar o andamento do processo de registro no consultorio, me desculpando por nao ter documentos nem um endereco meu para fornecer. As pessoas faziam cara de luto e diziam com a voz grave: "omg, so sorry for your loss". Eu agradecia, sem entender muito o porque de tanta comocao. Afinal, ninguem, gracas a Deus, havia se machucado. Mas hoje tenho consciencia que minha reacao era fruto ainda do estado de entorpecimento que eu me encontrava. Eu repetia a frase "eu perdi tudo num incendio" em silencio para mim mesma, varias vezes, e ela continuava a nao parecer real.
Na mesma tarde recebi um telefonema do Dean da faculdade onde meu filho mais velho estuda. Ele oferecia para o Lucas free housing (morar de graca na faculdade), ajuda para a compra de um novo computador e livros, assim o Lucas nao perderia aulas. Eu agradeci, comovida com o gesto, mas sem saber o que dizer mais. Dizer " thank you" nao parecia suficiente, nao representava a intensidade do que eu sentia.... Mais um movimento de generosidade em nossa direcao. Nossa amiga Luciana correu ao nosso encontro aquela tarde somente para nos fazer companhia, conversar e ouvir. Carinho, carinho, carinho. A Sandra criou uma conta nossa num site de busca de imoveis, e eu deveria receber alertas qdo aparecessem imoveis dentro das condicoes que precisavamos. Gestos que parecem simples, mas que tem uma importancia gigante.
O comercio da regiao de Edgewater tambem se mostrou muito solidario. O cinema ofereceu uma sessao gratuita, com refrigerante e pipoca (achei tao fofo...) para cada morador; restaurantes ofereciam jantares e almocos gratuitos; lojas da regiao davam descontos para quem foi afetado; no centro de recreacao, um verdadeiro supermercado para os moradores do Avalon foi montado apenas com as doacoes.
Como tinha que fazer compras para o Lucas levar para o dorm do college, decidimos buscar alguns itens das doacoes, pois as mensagens enviadas aos moradores diziam " por favor, aceitem as doacoes que foram feitas para voces". Que situacao, que sentimento dificil eh o de aceitar doacoes!! Me sentia mal, praticamente pedindo desculpas aos voluntarios. Eles diziam " levem isso, levem aquilo, precisam disso?" e eu, encolhida, pegando os produtos com as pontas dos dedos, muito, muito sem graca. Nao me sentia no direito de aceitar nada, com tantas pessoas em tantos lugares com necessidades muito maiores que as nossas. Pessoas que verdadeiramente dependem de doacoes para sobreviver diariamente.
De repente, dois gift cards apareceram no meu sms. E da Michaels, a loja de itens para craft. Mensagem linda da Debora:
"Everything can be taken from a man but one thing: the last of the human freedoms—to choose one’s attitude in any given set of circumstances, to choose one’s own way.”― Viktor E. Frankl, Man's Search for Meaning -Love you
Carla querida, Um presentinho para te ajudar a continuar a Prêt-à-Partay! Muito sucesso!! Beijo, Daniela
Outros gift cards, de amigas de escola (Valeria Ebide!) e pessoas que eu mal conhecia - uma delas, Karen, eu tambem so conhecia por intermedio de cerca de meia duzia de emails, pois tinha acabado de prestar uma assessoria para elas atraves de outras amigas.
A generosidade e desprendimento das pessoas estava sendo algo inacreditavel. Overwhelming. Chocante, de um jeito positivo.
A noite so pude escrever essa mensagem:
"Dear all
The apartment is gone. All our pictures, work tools and the almost 8 years of memories were there. But we know we have everything we need: our life, our health and YOUR immeasurable love.
"Thank you" is a very vague word to express this overwhelming and grateful feeling. I am crying all the time touched by your friendship and generosity in all manners: the offer for shelter, food, clothing, furniture, a word, a hug, your prayers, smiles, tears, money, calls, a helping hand in all the practical stuff. We are aware and touched by every one of them.
I am trying to answer everyone but it's been really impossible. Over time, I'll answer every one of you.
The volunteers in Edgewater have been amazing answering questions we don't know we have; Avalon workers giving long and sincere hugs; counseling from Leonia High School personally calling each family; the Dean of Fordham called offering free temporary housing for Lucas and help with his books and everything so he won't miss his schedule. Help is coming from all parts of the world, including from people we don't even know.
I hope everybody who was affected is feeling at least 1% of this LOVE you are spreading faster than the fire. It would be enough to keep them going strong forever.
We love you
Queridos todos, o apartamento nao existe mais. As fotos, ferramentas de trabalho e nossos quase 8 anos ficaram la. Mas o mais importante nos temos: nossas vidas, saude e o imensuravel amor de todos voces.
"Obrigada" eh uma palavra vaga para expressar o sentimento arrebatador e agradecido q estamos sentindo. Chorei o dia todo emocionada com os gestos de amizade e generosidade que chegam de todas as formas: as ofertas de abrigo, alimentacao, roupas, moveis, uma palavra de conforto, um abraco, suas oracoes, sorrisos, lagrimas, dinheiro, telefonemas, auxilio nas questoes praticas, Estamos cientes de cada uma e imensamente agradecidos.
Estou tentando responder a todas as mensagens mas tem sido impossivel. Ao longo do tempo responderei a todas individualmente.
Os voluntarioa em Edgewater tem sido incriveis, respondendo as perguntas que nem sabemos que temos; os funcionarios do Avalon nos dao sinceros e demorados abracos; o orientador da High School estah telefonando para cada uma das familias; o diretor da Fordham ligou oferecendo residencia temporaria gratuita para o Lucas na faculdade e ajuda com livros e material para q ele nao perca dias de aula. Auxilio tem chegado de varias partes do mundo e ate de pessoas que nao sabemos quem sao.
Espero que todos que foram afetados estejam sentindo pelo menos 1% desse AMOR q estamos recebendo e que estah se espalhando mais rapido q o fogo. Ja seria suficiente para mante-los fortes e seguindo suas vidas pra sempre.
Amamos voces "
Isso era tudo que sentiamos naquele momento: amor.
Na madrugada, sem sono, eu tentava recuperar imagens do predio via Google Maps.
Avalon Fire in Edgewater
No ultimo dia 21 de janeiro, por volta das 4 e meia da tarde, eu estava saindo do banho qdo o alarme de incendio no meu condominio comecou a tocar. Morando ha 7 anos e meio la, eu estava acostumada a esses alarmes - que gracas a Deus nunca eram nada - e dei uma saida rapida de 10 minutos. Tinha acabado de sair do banho, estava com o cabelo ainda molhado e mal preso, coloquei um casaco e peguei a bolsa antes de sair. Meus filhos ficaram em casa.
Quando voltei, havia varios caminhoes de bombeiros, mais do que o normal, ao redor do predio. Subi ate o apartamento e disse para os meninos descerem. Como sempre, eles nao se animaram muito - afinal, estava frio e "mas nunca eh nada!", mas dessa vez eu insisti, dizendo " nunca eh nada, mas um dia pode ser algo". Eles vestiram os casacos, certos de que so desceriamos ate o terreo para aguardar. Nao pegaram celulares nem carteiras. E eu, que sempre nas ocasioes de alarmes pegava ao menos os passaportes, nao peguei nada.
Decidi que iriamos ate o Trader Joe's logo ali na frente e pedi que entrassem no carro (sim, de carro - estava muito frio!). Ao final das compras, notei q havia esquecido a minha carteira em casa. Pedi que eles aguardassem e corri para o apartamento. Vi entao mais caminhoes de bombeiros de duas cidades proximas - Cliffside Park e Fairview - chegando. Nao me perguntem no que pensei na hora, pq nao pensei em nada, so imaginei que deveria haver muitos gatinhos em cima de alguma arvore... Entrei no condominio, estacionei na minha vaga e subi para pegar minha carteira. Antes de sair do apartamento, parei por um nanosegundo pensando se deveria pegar algo importante " just in case", mas pensei ' ah, nao deve ser nada serio". E fui embora. Eu nem tinha ideia que seria a ultima vez que entraria no meu apartamento. Nas escadas encontrei uma senhora que parecia perdida, perguntando se deveria descer ou aguardar. Eu disse para ela descer, que seria melhor.
Paguei minha compra e voltei pro condominio. Estacionei dessa vez no estacionamento descoberto, desci e filmei um pouco o que vi e ainda fui ao concierge retirar um envelope. Perguntei o que estava acontecendo e o rapaz disse "It's pretty bad out there", e disse que era fogo em um dos apartamentos, " o 154". So isso. Havia um helicoptero sobrevoando o condominio. Voltei pro carro e como a fumaca estava chata e o alarme nao parava, decidi que iriamos a um cafe proximo comer algo. Nao havia fogo, nao havia alarde. Quando estavamos nesse cafe, decidi dar uma procurada no Twitter, caso alguem tivesse mais informacoes. Foi dai que vi essa imagem no feed de alguem e disse pros meninos: "Nao, isso nao pode ser nosso predio."
Saimos do cafe e voltando para casa, ja na avenida dava para ver as labaredas altas. Me assustei, mas e ao mesmo tempo fiquei tranquila, pois meu apartamento era o ultimo daquele bloco enorme, que tinha um formato de E, e o fogo estava na ponta oposta. Pensamento egoista de um segundo, pois logo comecei a lamentar pelas pessoas que estavam perdendo suas coisas. Chorei e meus filhos tentaram me acalmar.
Estacionei em frente ao condominio e me perguntaram onde era o incendio. Eu ja devia estar amortecida, pq respondi que era no condominio ao lado.
Eu fiquei ali, parada, com meus filhos, sem pensar em nada, sem falar, sem chorar, trocando mensagens com amigos, preocupados, dizendo que estavamos bem. Escrevi para meu marido (ele estava em NY) para contar e ele nao acreditou quando mandei uma foto. Quis voltar e eu disse que nao, ja que a avenida ja estava bloqueada.
O fogo andou rapido, mas eu tinha esperanca de meu apartamento nao ser atingido, assim eu poderia salvar ao menos minhas fotos. Todas as minhas fotos. Fotos do meu casamento, fotos dos meus filhos desde o nascimento, fotos dos nossos quase 8 anos aqui nos EUA. Fotos das minhas aulas, fotos dos meus projetos... todas elas. Em papel, ou guardadas em dois hard drives e alguns cds - varios backups, mas todos fisicos e todos, infelizmente, dentro do mesmo apartamento.
Meu apartamento era o penultimo daquele bloco imenso que, naquele momento, emanava uma luz forte alaranjada. Luz que ia caminhando junto com as bolas de fumaca que subiam, junto com jatos de agua que vinham de varios angulos mas que nao davam conta de acalmar a força do fogo.
Dentro do carro com os meninos, eu ia " caminhando" dentro do estacionamento do shopping em frente, acompanhando a trajetoria daquela mistura de luz e fumaca.
Quando vi o fogo ja na face do condominio que seria a minha, desisti e resolvi ir embora. Nao queria ver o fogo queimar meu apartamento. Mas ao mesmo tempo, queria ficar, como se, indo embora, eu estivesse abandonando alguem. Nao passava pela minha cabeca que eram somente objetos la dentro.
Ja na lateral do estacionamento, para ir embora, tirei uma ultima foto. A " casinha" no telhado q estah com fogo era a da minha lareira, dois apartamentos acima do meu.
Fui para NY pegar meu marido, antes tranquilizando amigos e minha familia atraves do Facebook - a forma mais rapida de falar com mais pessoas em menos tempo. Ninguem conseguia falar com meus filhos, pois eles deixaram os celulares no apartamento, e nao sei como, os colegas acharam meu email e mandaram mensagens super preocupadas.
Peguei meu marido e ficamos estacionados pensando no que fazer, onde iriamos passar a noite. Porque na minha cabeca seria so uma noite. Quando uma amiga escreveu ' se vcs quiserem ficar aqui nos proximos dias..." eh que me dei conta de que nao seria apenas UMA noite. Me dei conta que nos nao tinhamos pra onde voltar.
As ofertas de hospedagem eram inumeras, e nossa decisao para onde ir foi baseada em alguns fatores de ordem pratica, sendo o mais importante nao ser literalmente um elefante no meio da sala da familia que fosse nos hospedar, nao desalojar ninguem, nao criar um incomodo muito grande. E um lugar que todos nos, inclusive os meninos, ficassem de certa forma a vontade por ja termos intimidade com as pessoas.
Muita coisa passou pela minha cabeca naquela noite. Depois de devidamente recebidos e instalados com conforto e carinho pelos nossos amigos Paula e Percy, eu so ouvia sirenes o tempo todo. Ficava feito louca na Internet procurando imagens do incendio para ver se meu apartamento havia sido queimado. Comparava imagens, escrevia para perfis do Instagram e Twitter que pareciam estar no local pedindo informacoes. Nao conseguia pegar no sono. E nao conseguia pensar ' no futuro", nao pensava " o que vamos fazer"... estava amortecida e anestesiada. Tudo parecia distante e surreal.
Mas estou escrevendo sobre o incendio nao apenas para contar o que houve (ja que ate hoje muitas pessoas perguntam). Mas escrever sobre ele eh necessario para poder contar tudo que nos aconteceu depois... tudo que tem nos acontecido, o carinho imenso com o qual fomos abracados, acolhidos, amados... Nunca em toda a minha vida achei que perderia meus bens num incendio... e mais ainda, JAMAIS achei que seria, junto com a minha familia, objeto e foco de tanta, tanta atencao, tanto carinho, tanto amor, tanta doacao, gentileza e desprendimento das pessoas, amigas proximas e distantes, conhecidos e estranhos.
Vou contar aos poucos nos proximos posts.
Beijos,
Carla
Tutorial - Cartao de Natal Bolas
Esse post eu fiz para o blog Memorias em Conserva/Preserved memories em 4 de dezembro de 2009. Gostei muito de faze-lo e acho que eh um modelinho que agrada!
Eu gosto muito da forma circular quando estou fazendo cartoes. Nao sei exatamente por qual razao. E para cartoes de Natal, esta eh uma forma muito facil de ser trabalhada.
Este cartao eh de execucao bem simples e usa poucos materiais, sendo pratico caso voce decida faze-lo durante uma crop.
Com o furador circular de 1″ da Fiskars eu cortei 3 circulos de papel. Escolhi o Roxbury Scrap Strip, da Scenic Route, pois apenas com uma folha eu teria varias possibilidade de estampas, dependendo de onde eu escolhesse furar. Mesmo que resolvesse fazer varios cartoes parecidos eles nao sairiam iguais.
Propositalmente em duas das bolinhas eu furei onde mais de uma estampa aparecesse no circulo. Para a terceira bolinha, usei o verso do mesmo papel, que eh dupla face.
Apliquei Distress Ink Walnut Stain nas beiradas para dar um pouco de volume e fazer o acabamento. Para acrescentar mais volume e dar o aspecto de vidro – afinal, sao bolas de Natal! – apliquei com cuidado Glossy Accents cobrindo toda a superficie das bolinhas, e deixei secar.
Enquanto isso cortei o cardstock no tamanho 28cm x 10cm, dobrando ao meio no sentido do comprimento. Arredondei os cantos externos, passei carimbeira distress em toda a volta e fiz tres furos na parte superior, bem pertinho da dobra, e mais tres furos palalelos a estes, em alturas diferentes, onde cada bolinha seria colada.
Usei linha dourada de bordado para fazer os cordoes. Passei a linha pelo primeiro furo inferior, de fora para dentro. Voltei com ela pelo furo paralelo (o que esta perto da dobra do cartao) de dentro para fora, e com a linha esticada, dei um no na altura do furo inferior, deixando pedacos da linha para imitar os ‘lacos” nas bolinhas. Fiz a mesma coisa com os outros dois furos.
Colei adesivo pop up atras de cada bolinha (que a esta altura ja estavam secas) para dar mais dimensao ainda, e colei cada uma nos seus lugares.
Com a ajuda de uma regua e lapis escrevi ‘merry christmas”, e depois passei a caneta preta por cima.
Simples assim!
Este eh o tipo de cartao que voce pode fazer em serie e mesmo assim manter a personalidade de cada um, bastando furar o papel em diferentes lugares, mudar a cor do cardstock e a sua mensagem.
Espero que voces aproveitem esta ideia!
Beijos,
Carl
As vitrines da Anthropologie
Esse texto sobre a Anthropologie eu escrevi para o ScrapbookBrasil no dia 6 de abril de 2011. E outro dia, no Facebook, vi o link para uma "declaracao de amor" a mesma loja, publicada na revista Epoca e escrita por Martha Batalha, que mora em NJ tambem. Foi a postagem dela que me inspirou a resgatar textos e informações que eu publiquei em todo o tempo que fiquei no SBB e que eu nao gostaria que ficassem perdidos. Deveria ter comecado por esse, mas a edicao de fotos tomou tempo, ate pq muitas ja foram desativadas e tive que encontrar mais algumas pra servir de ilustracao (ainda estou montando uns links). O texto abaixo tambem foi um pouco editado do original pelo mesmo motivo.
Vou falar de um lugar que nao inspira somente a mim, mas com certeza a todas as pessoas criativas que ja passaram por uma de suas lojas: estou falando da rede Anthropologie.
A Anthopologie abriu sua primeira loja em 1992, na Pennsylvania. Eh uma rede que possui produtos mais "artesanais", diferentes do "mass production" que se ve geralmente por ai, mesmo sendo uma rede com centenas de lojas. Ela vende desde uma fivelinha de cabelo ate camas, sofas, passando por roupas, objetos de casa, perfumes, livros, sabonetes, aventais.. sempre pecas charmosas, divertidas, curiosas, artesanais, com aquela sensacao de serem unicas. Eles vendem uns puxadores de moveis que eu babo... ja comprei uns sem saber onde usar. Qdo consigo dou uma passadinha la (por sorte - ou azar - tem uma aqui pertinho de casa, da ate para ir a pe se quiser) e compro alguma coisa e ja fico feliz, ganho meu dia... ate a embalagem do sabonete eh charmosa e parece uma obra de arte!
O cuidado com a marca vai do envelope que voce recebe a nota fiscal ate a trilha sonora que toca nas lojas, sempre musicas estilo "lounge", com a presenca de musica brasileira (bossa nova, sempre!). As embalagens sao caixas simples, mas lindas!
Entrar numa Anthropologie eh dar uma 'desligada" do mundo. "Embora voce aprecie os detalhes dos nossos produtos, voce vem ate nos para mais do que isso. Voce vem para escapar e para conectar-se, para gastar tempo e dar-se um tempo.", diz o website. E eh exatamente isso o que eu sinto, mesmo so tendo lido esta frase agora... A comecar do aroma da loja, sempre envolvente. As vitrines, cheias de detalhes e criatividade. A disposicao dos produtos, muitas vezes montados como cenarios dos quais a gente quer fazer parte... entrar na Anthropolgie eh viajar e sonhar!!
Quando decidi que falaria da Anthro, como eh carinhosamente chamada por seus fas, comecei a pesquisar imagens que pudessem descrever o ambiente da loja... mas acabei parando na vitrine!! Decidi entao mostrar so vitrines hoje. E mesmo assim, so algumas, senao o post nao teria fim!
Na maioria das vezes o material usado eh reciclado, ou objetos usados de forma criativa...
Livros
Forminhas, copos e filtros de papel
DailyDanny
DailyDanny
Papel de seda
Saquinhos de cha
Canudos plasticos
Flores feitas de garrafas plasticas
Marshmallows!
Cerca de 15 mil marshmallows para essa vitrine linda para a loja do Rockefeller Center.
Esta vitrine tinha o tema de abelhas e mel... estas garrafinhas sao de mel, em forma de ursinho, que vc acha em todo supermercado (e curiosidade: o mel eh do Brasil!)
Colmeia feita de sacos plasticos e tecido
Rolhas
Cotonete
Iglu feito de galoes plasticos (aqui o leite e sucos sao vendidos em galoes)
foto encontrada aqui - nao achei a fonte original
Pregadores de roupa e ziperes... o efeito foi lindo
Esta espiral, adivinhe do que eh feita? Cabides!
Impossivel passar por uma Anthropologie e nao se encantar. Vou parar por aqui ou o post nao vai acabar nunca, vou tentar postar sobre as vitrines mais vezes.
Espero que voces tenham gostado de conhecer um pouco mais da loja que sempre eh citada por scrappers e que faz da criatividade e do artesanal a sua filosofia! Em breve farei um post sobre os produtos, embalagens, com fotos das lojas por dentro.
Beijos,
Carla
Hi, there!
Ja faz tanto tempo que nao escrevo por aqui que as vezes esqueco que tenho um blog. Mas o mais ironico - e ridiculo - eh que eu morro de vontade de escrever, contar, fazer, falar, e acabo nao fazendo. Falta de tempo? Talvez. Falta de vontade? Nao. falta de organizacao? Certeza.
Tanta coisa tem acontecido na minha vida... ano passado perdi meu pai, e desde entao tenho tentado escrever um post sobre ele, pq eh mais do que merecido. Todo mundo que gosta de seus pais tem vontade de contar pro mundo que pessoas legais e incriveis eles sao - ou foram. Meu pai foi incrivel. Ou melhor, ele e. Porque eu nao consigo falar dele no passado. Ele estah cada dia mais presente na minha vida. E a ultima vez que falei com ele, no dia dos pais (brasileiro) do ano passado, ele me disse: nunca deixe de escrever, voce escreve bem, jamais pare de escrever.
E dai que comecei um post pra falar dele e nao consegui escrever. Durante dias planejei, relembrava historias pra contar, e quando sentava pra escrever, nada saia. Travava. O post estah em draft ha meses.
Mas hoje nao vim falar disso, quero realmente escrever um post legal sobre ele mas nao eh hoje ainda que isso vai sair.
Hoje so vim falar que quero muito retomar o blog, e quero muito me organizar pra isso. Tenho ajudado algumas amigas a se organizarem para trabalharem melhor, tenho ate feito uns sites pra elas, ajudei em producoes de fotos e ate filmes... e com isso nao dou conta do tempo, que voa... "hoje o tempo voa, amor, escorre pelas maos..." quem sabe consigo me ajudar a ME organizar para que eu trabalhe melhor tambem? Quero contar o que tenho feito - contar de uma forma mais legal do que uma simples foto no Instagram, ou um check in no Facebook. Quero contar porque gosto de contar. Nao preciso dos likes, comentarios... preciso so contar. Tanta coisa aconteceu nesse tempo ausente... e senti saudades daqui.
Hoje foi so isso.
Um beijo e durmam bem - aqui ja sao 1:46am.
Carla
Calculando o preço dos seus produtos
O post abaixo foi escrito como resposta a uma pergunta no ScrapbookBrasil: "como calcular o preco dos meus cartoes?"
Essa foi a minha opiniao, baseada na minha experiencia produzindo e comercializando itens feitos a mao no Brasil. A pedido da minha querida amiga Regiane, da Totally Cute, estou publicando meu post aqui no blog:
Como calculo o preco de meus cartoes?
Evite cair na tentacao de fazer 2 ou 3 vezes o custo. Vc pode fazer um cartao com
costura e relevo seco pelo mesmo custo de um com carimbo. Qual deu mais trabalho?
Qto cobrar vai depender de
- qto vc gastou com material (A)
- qto voce gastou com mao de obra (seu tempo) (B)
- qto vc quer ter de lucro
Material eh facil. Mas se vc gasta meio tanque de gasolina para buscar seu papel em algum lugar, ou o papel vem por SEDEX, esses valores tbm entram no seu custo, de forma proporcional.
Como calcular o valor da mao de obra? (B)
Uma sugestao bem "arroz e feijao" eh calcular a sua hora de trabalho como se fosse uma empresa. Veja o "salario" que vc acharia justo por mes, divida por dias/horas trabalhadas (considere 8h por dia, 30 dias de trabalho, como na empresa) ate chegar ao valor de 1 hora de trabalho.
Depois, faca as contas de qtos cartoes faria em 1h de trabalho.
Esse e o valor de sua mao de obra.
Entao,
A+B = custo
Depois vc ve qto quer ter de lucro. 50%? 100%? E acrescenta ao custo. Assim (beeeeem a grosso modo)vc tera seu preco.
Alguns pontos que vc deve considerar tambem:
- valor praticado pelo mercado, para nao ficar muito abaixo ou muito acima, se o produto estiver dentro do padrao medio oferecido
- seu produto e exclusivo? Se sim, ele pode ter um valor maior que a media de mercado, desde que esta exclusividade, este diferencial, seja percebido pelo publico.
- reducao de custos sem afetar a qualidade final do produto: nao adianta baixar muito a qualidade da materia prima para ter custos mais baixos. O grande lance e baixar o CUSTO sem mexer na qualidade. Busque novos fornecedores, por exemplo.
- se vc pretende oferecer cartoes em lojas ou para empresas, ou mesmo convites de festa (qdo sempre tera que fazer em quantidade) estas pecas deverao ter precos por quantidade. Lojistas SEMPRE querem ver a tabela de precos. Digo isso pois 2 vezes cai na besteira de levar o produto com o preco de consumidor final, o que atrasou a chance de colocar meu produto nas lojas.
Para seus amigos e familiares, veja se existe algum tipo de servico que nao custe muito para vc e que seja um diferencial para eles, como imprimir o envelope do cartao, criar etiquetas com enderec os, imprimir a mensagem interna personalizada e ate mesmo colocar os cartoes no correio. Sao pequenos detalhes que podem ser apreciados e considerados pelos clientes, afinal, significam tempo e conforto. E muita gente prefere pagar para ter tranquilidade. Este pode ser um diferencial do seu produto, ja embutido no preco ou cobrado a parte.
Mas se eu fizer esse calculo, pode acontecer do meu preco final ficar inviavel, nao?
Eh verdade, muitas vezes fica inviavel, ainda mais que muitas pessoas acham que o "feito a mao" deveria custar mais barato - e eh exatamente o contrario, pois eh feito de forma personalizada, um a um... aos poucos essa consciencia vai mudar (assim espero!)
Qdo acontece do preco ficar inviavel pela "formula" acima, eu faco o seguinte:
Ignoro a parte do lucro, fica sendo a mao de obra (calculada como eu descrevi) o meu "pagamento", e multiplico so o custo pelo menos por 2, para que eu possa, de uma peca, fazer duas (ir reinvestindo).
A inclusao do custo de mao de obra + lucro eh importante qdo vc pega uma producao grande e precisa pedir ajuda. Facilita pra vc saber qto vai pagar para alguem te ajudar, e este valor pode ser ate menor do que vc considerou para vc, uma vez que existem outros custos que nao foram incluidos, como custo de criacao - esse praticamente o mais importante! e outros custos que vc teve ao longo da sua "carreira", como investimento em livros, revistas, viagens (para fazer cursos, por exemplo), workshops, etc. Por isso eu disse que eh "calculo a grosso modo". Eu ADORARIA ter alguem que pudesse fazer preco direitinho pra mim!!!
Complementando a resposta acima, eu sugeriria tambem voce oferecer quantidades minimas: ao inves de vender cartoes por unidade, venda em jogos de 3, 5, 10... voce estabelece o multiplo de acordo com seus custos. Se for uma pagina de scrap, tente tbm negociar quantidades minimas para compensar o tempo que voce estara trabalhando - as vezes o trabalho de fazer 10 pecas (de qualquer coisa) nao eh necessariamente 10 vezes o tempo para fazer uma - as vezes voce gasta mais tempo se organizando, indo comprar seu material e cortando do que trabalhando propriamente no produto. Voce pode tentar cortar mais folhas por vez, o que faz o seu tempo render.
Voce tem alguma formula diferente de calculo de custos? Alguma sugestao a fazer? Comente!
Beijos,
Carla